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A Grande Transferência de Riqueza: o que significa para as famílias empresárias brasileiras


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Vivemos um momento inédito. Nos próximos anos, estima-se que US$ 84 trilhões serão transferidos globalmente entre gerações¹, sendo US$ 72 trilhões diretos da geração atual para a futura¹. Isso não envolve apenas dinheiro — é um movimento que mistura legado, cultura e decisões estratégicas que determinarão o futuro dos negócios familiares.

Na América Latina, especialmente no Brasil, essa transição ecoa com força integral. Projeções indicam que mais de US$ 9 trilhões serão movimentados só na região nas próximas décadas². E isso não é abstrato: é algo que já está acontecendo nos bastidores de milhares de empresas familiares.

No Brasil, o impacto é ainda mais concreto. Cerca de 90% das empresas têm origem familiar, e elas são responsáveis por 65% do PIB e por 75% dos empregos no país³. Diante desses números, a pergunta é inevitável: estamos prontos para essa transferência?


O que está em jogo — e por que isso importa


Esse momento não é só sobre heranças financeiras; é sobre a passagem de valores, ideias e propósitos. Muitas dessas empresas foram erguidas com trabalho, visão e afeto — não dá para encarar essa transição como simples troca de bens.

Quando a sucessão falha por falta de preparo, o risco de conflitos, divisão patrimonial e até falência cresce. Sem regras claras e diálogo estruturado, famílias podem ver o sonho de gerações ruir num instante.

Equilibrar razão e emoção não é escolha — é necessidade. Governança familiar que delimita quem faz o quê e como dá contornos reais para enfrentar esse momento com maturidade.

Além disso, esse processo envolve um tema sensível: expectativas. A próxima geração, muitas vezes mais jovem e com outra formação, traz novos olhares para o negócio. Sem um processo bem conduzido, esses olhares podem se chocar com a visão dos fundadores. Quando existe governança, no entanto, há espaço para diálogo e integração entre passado e futuro.


O que os dados mostram — e por que o Brasil não pode ignorar


Falar em US$ 84 trilhões¹ pode parecer distante, mas eis o ponto: se 9 em cada 10 empresas do país são familiares³, significa que uma parte significativa delas estará envolvida nesse processo. A transferência já está acontecendo.

E não é só uma questão de família; é de país. Se essas companhias respondem por 65% do PIB³, qualquer falha na sucessão é também uma crise econômica em potencial — afeta empregos, arrecadação e competitividade.

Portanto, entender esse fenômeno não é escolha — é imperativo para herdeiros, executivos e conselheiros que querem não apenas sobreviver, mas prosperar.


Governança como resposta prática e acessível


Felizmente, existem caminhos claros para preparar essa travessia. Estruturas como protocolo familiar, conselho de família e holding patrimonial ajudam a organizar expectativas, evitar atritos e planejar com antecedência.

Isso não é privilégio de grandes corporações. Qualquer família empresária pode adotar esses mecanismos — muda a escala, não o princípio: clareza, diálogo e profissionalismo.

Além disso, o cenário moderno traz inovações. Fundos patrimoniais e, para alguns, até tokenização de ativos, são alternativas complementares que ganham relevância¹.

O foco principal, no entanto, é começar cedo. Iniciar o planejamento sucessório antes da necessidade é um ato de cuidado — com o patrimônio, com as pessoas e com o futuro da empresa.


Conclusão


A “Grande Transferência de Riqueza” já começou — e o Brasil, com seu universo de empresas familiares, está no epicentro desse fenômeno. Entendê-lo com objetividade e aplicar soluções práticas é essencial para evitar rupturas.

Mais do que administrar bens, trata-se de preparar pessoas, preservar valores e fortalecer estruturas para que esse patrimônio se transforme em ponte entre presente e futuro.



Referências

1 IM Financial – The Generational Decline: Why Success Becomes Harder With Each Generation

2 The Family Business Consulting Group – Family Business Survival: Understanding the Statistics

3 The Courier Mail – Australia’s family business time bomb: succession failures could cost $3.5 trillion

4 PwC – Family legacy and you: charting the path for the next generation of family business leaders

5 OPENAI – ChatGPT. Ferramenta utilizada como apoio para revisão de clareza textual e organização de ideias.

Disponível em: https://chat.openai.com/


 
 
 

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